quinta-feira, 11 de março de 2010

Minha vida de professora com um autista

Quando comecei a trabalhar como professora em minha sala de aula (ed.Infantil III) havia um menino lindo, que sabia ler corretamente e chamava a atenção por ser tão esperto em seus 4 anos. Ele se apresentava com um menino muito inteligente e esperto, chamado D. Comecei a perceber que apesar de saber ler corretamente, ele não interagia com os amigos, em alguns momentos de mudança de rotina ele ficava nervoso e corria pela escola, tirava toda sua roupa,gritava, se sacudia e necessitava de um banho para voltar a normallidade. Minha nossa! o que é isso? Nós professores temos em noss grade curricular de pedagogia aulas de Educação Especial , onde falamos e discutimos sobre algumas sindromes, deficiências, mas na realidade não estamos preparadas para entrar em sala de aula.E o que fazer com a inclusão? Começei minha pesquisa, procurando entender o meu querido D, busquei em sua ficha o que ele tinha, com a coordenação, direção e acabei descobrido que meu menino era autista ou seja possuia algo que os terapeutas chamam de sindrome de Asperger.
Foi aí, que começei a pesquisar sobre autismo, o que era ? como tratar? com lidar com esses anjos especiais? e o ano trascorria e ele não deenhava nada, como podia? lia, mas não desenhava, não escrevia. Começei a buscar com a família , objetos de interesse dele, e descobri que meu pequeno amava a turma da Mônica , descrevia todos os personagens e conhecia até aqueles menos divulgados. Nas aulas de informática não podia deixar de dar um minuto de atenção a ele, era deixar e ele entrava no site da Mônica. E foi através da Turma da Mônica ou seja de seu objeto de desejo que trouxe D para mim e para a turma. Fiz com que ele lesse para todos, estimulei os outros a quererem ler como D, e a apartir daí foi fácil lidar como suas crises, seus pedidos de desculpa, seus momentos de fuga.
Sua escrita passou a ser letra de imprensa e suas terapeutas me ajudaram muito , tanto quanto sua família, que compareciam o tempo todo. Esta troca favorecia meu crescimento e o dele.
Todas as vezes que eu planejava algo novo, ligava para a mãe dele e preparavamos juntas o outro dia, assim foi ficando fácil lidar com D. Em caso de falta, tinha que ligar a noite e solicitar a sua mãe que o preparasse, asssim fomos lidando com as novidades e seus stresses. D Também não suportava ouvir a música PARABÉNS PARA VOCÊ NESTA DATA..., nunca teve uma festa de aniversário em função disto, sua mãe até tentou mais foi um desastre.
O ano acabou , mas D, ficou na escola agora com outra professora, que volta e meia vinha me buscar para lidar com D, começou a cópiar do quadro e foi evoluindo,vez ou outra ainda daa uns surtos, mas foi passando para o 1ºano,2º,3º4º e 5º ano, acostumou com os aniversários na escola, passou a cantar parabéns... Tevê sua primeira festa, e hoje com 12 anos saiu da escola aprovado com louvor, passou para o 6º ano e agora vivo a me perguntar como estará meu pequeno, hoje grande D.
E foi por causa de D que abrimos a escola definitivamente para a inclusão, fui estudar mais, fiz psicopedagogia, me especializei em Dificuldades de Aprendizagem e hoje nossa escola agrega crianças com Down, com Asperger, Autistas, sindrome de Wester e eu continuo a buscar uma forma de faciltar a vida e o aprendizado destes anjos esquecidos aqui na nesta terra. Através do afeto posso abrir meu coração e me deixar levar ao mundo deles, taõ lindo, taõ simples, taõ diferente do nosso e que tantas vezes queremos para nossa vida algo assim. Quantas vezes me vejo fugindo dos problemas do dia - a - dia e me deixando levar como eles, numa nuvem branca, onde podemos construir o que desejamos. No ano seguinte recebemos mais três crianças e hoje temos pelo menos 8, o importante que as famílias reconhecem o nosso esforço e é assim que alcançamos o sucesso da integração social destas crianças.

Nenhum comentário: